Erliquiose em Pets

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A Erliquiose, popularmente conhecida como doença do carrapato, é uma afecção infectocontagiosa com diferentes estágios que acomete principalmente cães, de todas as idades, independentemente do sexo ou raça. Essa enfermidade é majoritariamente transmitida pela picada do carrapato marrom do cão (Rhipicephalus sanguineus), infectado por bactérias do gênero Ehrlichia, que podem provocar graves alterações, principalmente sanguíneas.  

Essa doença é uma das mais comumente reportadas em cães. Já em felinos, há poucos relatos sobre a infecção pela bactéria Ehrlichia associada a alterações sanguíneas. No entanto, acredita-se que a progressão da doença possa ser semelhante ao do cão. A Ehrlichia canis é a principal espécie de bactéria responsável pela Erliquiose Canina e é frequentemente observada em regiões de clima tropical e subtropical devido à maior facilidade de proliferação do vetor. No Brasil, é considerada endêmica em algumas regiões que apresentam altas temperaturas durante a maior parte do ano, como norte, nordeste e centro-oeste, porém, de forma geral, ela pode acometer qualquer cão no país inteiro, o que explica sua alta prevalência.

O que são hemoparasitas?

A Ehrlichia canis é um hematozoário ou hemoparasita, que são termos utilizados para definir parasitas que vivem na corrente sanguínea dos animais, no interior das células sanguíneas, causando complicações de saúde em diferentes graus, que podem variar de acordo com o status imunológico, por exemplo.

Como o carrapato se infecta com a batéria do gênero Ehrlichia?

O carrapato R. sanguineus se infecta após realizar o repasto sanguíneo, o que popularmente chamamos de “picar” um hospedeiro contaminado com o hemoparasita E. canis. Essa bactéria irá se multiplicar nas células das glândulas salivares do carrapato, o qual servirá de fonte de infecção para um novo hospedeiro.

Quais são as fases da doença?

Após a picada do carrapato, a bactéria passará por um período de incubação que pode durar entre 8 e 20 dias, ou seja, período entre o primeiro contato do cão com a E. canis até o aparecimento dos primeiros sinais clínicos, quando há de fato a doença denominada erliquiose monocítica canina (EMC). Ocorrerá então a multiplicação do parasita, principalmente em monócitos (células do sistema imune presentes no sangue), seguido por sua distribuição no organismo do animal.

As fases da doença podem ser classificadas em:

       • Fase Aguda: duração média de 2 a 4 semanas e a gravidade pode variar de leve até severa;

       • Fase Subclínica: ocorre cerca de 6 a 9 semanas após a infecção inicial, sendo caracterizada pela persistência do microrganismo sem manifestação de sinais clínicos muito evidentes, mas podem ocorrer leves alterações sanguíneas. Cães podem permanecer nessa fase de alguns meses até anos;

       • Fase Crônica: ocorre quando o sistema imunológico é incapaz de eliminar o microrganismo, resultando em danos severos à medula óssea e afetando a produção de células sanguíneas. Há uma proporção imprevisível de cães que podem atingir a fase crônica.

Um ponto importante a lembrar é que nem todos os cães passarão por todas as fases da doença. Entretanto, o diagnóstico e tratamento precoces são importantes para evitar complicações mais graves além da fase aguda.

Sinais clínicos apresentados pelo animal

Os sinais clínicos aparecem em média 14 dias pós-infecção (em geral, variando entre 8 e 20 dias, conforme descrito anteriormente), sendo alguns deles:

       • Maior tendência a sangramentos, com aparecimento de petéquias (manchas avermelhadas de tamanho pequeno, micro hemorragias);

       • Febre;

       • Apatia (desânimo, desinteresse e falta de energia do animal);

       • Anorexia (ausência total de interesse pela comida);

       • Letargia (sono excessivo);

       • Linfonodomegalia (aumento dos linfonodos);

       • Esplenomegalia (aumento do tamanho do baço);

       • Hepatomegalia (aumento do fígado);

       • Gengiva e mucosas pálidas;

       • Perda de peso e massa muscular;

       • Desidratação;

       • Dores articulares;

       • Sensibilidade à palpação;

       • Sinais neurológicos, como ataxia (movimentos descoordenados) e tremores;

Lembrando que os sinais clínicos e a gravidade deles vão depender da fase da doença e da resposta imune do animal.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é baseado na anamnese (histórico do paciente) e nos sinais clínicos, além de exames complementares para identificação da bactéria (testes diretos) ou de anticorpos produzidos contra ela (testes indiretos). Os testes diretos para a confirmação da presença da bactéria Ehrlichia canis incluem o PCR (Polymerase Chain Reaction, realizado com amostra sanguínea do paciente) e o esfregaço sanguíneo (porém, esse método é pouco eficiente). Os testes indiretos indicam o contato do animal com o antígeno causador da doença e são eles: o teste de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) que permite a detecção de anticorpos específicos e técnica de IFI (Imunofluorescência Indireta de anticorpos), técnica sensível que detecta anticorpos anti-Ehrlichia canis, por meio do sangue do animal.

Ainda, a ultrassonografia pode ser uma ferramenta de auxílio para o diagnóstico, a fim de avaliar a condição de baço e fígado e o possível aumento ou não conformidade em tamanho e formato.

Qual o tratamento indicado?

Após a avaliação do Médico-Veterinário e confirmação da doença pela apresentação clínica e exames realizados, o tratamento indicado, dependendo do estado do paciente e da fase que ele se encontra, pode incluir:

       • Correção da desidratação com fluidoterapia;

       • Nutrição adequada;

       • Transfusão sanguínea (sangue total ou plasma rico em plaquetas);

       • Antibioticoterapia (sendo a doxiciclina o medicamento de primeira escolha para o tratamento, que deve ser utilizada de acordo com a prescrição do Médico-Veterinário);

       • Uso de suplementos que auxiliam na recuperação da anemia (hematínicos).

Dicas de como prevenir a Erliquiose

Ainda não existem vacinas para prevenção da doença, porém existem outras medidas que podem fazer a diferença. Coleiras, comprimidos ou pipetas anticarrapatos para aplicação na pele são algumas formas de cuidado e prevenção contra o vetor transmissor da doença. A profilaxia também envolve a manutenção da limpeza do ambiente em que o animal vive, a fim de evitar o aparecimento e propagação de carrapatos.

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